quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

UMA NOVA BATALHA SE INICIA: A GUERRA PELA PRESIDÊNCIA DO SENADO


Mal teve fim a batalha pela conquista do trono, e outra guerra, agora pela presidência do Senado (Câmara Municipal), promete aguçar ainda mais a sede pelo poder dos representantes do povo (ou seria enganadores do povo), que almejam sentar na cadeira de Presidente do Senado do Império das Cobras.

Das 9 cadeiras em disputa, os postulantes que seguiam (ou traiam) a valente Mirian Brianó, na disputa pelo poder no império, 5 conseguiram êxito: Da província da Ribeira, o atual Senador Pebá de Ribeiré, conseguiu a manutenção do mandato por mais 4 anos. Outro que também conseguiu a renovação do seu mandato foi o jovem Andrê de Toinhê, que “representa” a província do Riachão.

Da província do Tanque, um velho conhecido retorna ao Senado, após longos anos de tentativas frustradas. O ex e futuro Senador Zezé di Leobinê, das vezes que ocupou uma das cadeiras da Casa, chegou ao posto máximo em uma oportunidade. A província do Amaro também terá o seu representante no próximo ano. O jovem (metido a galã) Tarcísio di Amarô, que obteve sucesso já na sua primeira tentativa de entrar no mundo obscuro da política, promete honrar cada um dos votos que lhe foi confiado (isso todos dizem antes de tomar posse, depois, é só mergulhar da Bhama e curtir a posição). O quinto eleito do lado da brava Mirian Brianó, retorna ao Senado após quatro anos ausente. Da província do Carneiro, o velho Cavaleiro Félix Magó, deverá ser o eleito para ocupar a cadeira de Presidente do Senado do Império das Cobras.

Por esses dias, resolvi subir ao monte, e consultar o Oráculo para saber quem se consagrará vencedor dessa nova batalha. E o que mim foi revelado, me deixou muito preocupado. Segundo o Oráculo, mesmo com apenas 4 Senadores do seu lado (Til de Carneiré, Dodó de Guanumbiê, Daidson de Dielsê e o terrível Rômulo de Camelê), o futuro Imperador tem grandes chance de conquistar também o Senado.

As revelações do Oráculo me mostraram que o futuro Imperador Jonas III, tem dois bons motivos para se empenhar em conquistar também a presidência do Senado. O primeiro é muito simples: apesar de ser ainda muito jovem, o futuro Imperador sabe que, com um Senado contrário aos seus interesses, ele não vai poder realizar todas as suas vontades, assim como fez por oito anos, o Imperador Arquimedes de Valençá, que se despedirá do Trono nos próximos dias.

O segundo motivo, talvez seja o que mais aflige o futuro Imperador: Como se livrar das garras do terrível Senador Rômulo de Camelê? O Oráculo me revelou que futuro Imperador, age dessa maneira porque sabe que o império não suporta a ganância e nem a sede de poder do Senador por muito tempo. Por esse motivo, é que ele está determinado a dar de presente ao terrível Rômulo de Camelê, a cadeira de Presidente, antes que o Senador troque de pele e, ao invés de um aliado, sofra uma metamorfose e se transforme numa pedra no sapato do Imperador. Segundo o que foi revelado pelo Oráculo, para que seus planos dêem certo, Jonas III conta com o apóio de um aliado com muito conhecimento das mais sórdidas manobras políticas do Império, o ex e futuro Senador Til de Carneiré.

Til de Carneiré já presidiu o Senado por três vezes, e como ninguém, conhece o caminho e principalmente, as fraquezas dos seus colegas. E são com essas fraquezas que ele pretende mudar o curso natural das coisas e ajudar o futuro Imperador a se livras (pelo menos parcialmente) desse problema que lhe vem tirando o sono. Para isso, já estão disponíveis muito mais de 30 moedas de prata, que serão destinadas ao Senador que não conseguir resistir a tentação e vender sua alma ao diabo (fato comum nesse meio).

Depois de todas essas revelações do Oráculo, desci do monte pedindo para que chegue logo o dia da posse dos novos “representantes do povo”. A minha curiosidade é simples. Quero vê com os meus próprios olhos, se os Senadores vão se manter fiéis ao povo que os elegeu, ou vão se curvarem às vontades do futuro Imperador Jonas III. Nesse dia saberemos quem deu mais no leilão pela cadeira de Presidente do Senado. Será o Imperador que deixará o poder, ou será o novo todo poderoso do Império. Do-lhe uma, do-lhe duas e do-lhe... Até lá! Estarei presente junto com vocês para conferir o resultado de mais essa guerra pelo poder no Império das Cobras.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

ALERTA AO FUTURO REI: CUIDADO COM OS BAJULADORES



Meninos eu vi... Vi que o Reino das Cobras (o significado da palavra Buíque na língua indígena é Ninho de Cobras. Origina! Não acham?) está prestes a coroar um novo Rei. Um Rei jovem, simpático e que promete trazer fartura e prosperidade para o seu reino. Mas, para que os planos do futuro Rei dêem certo e o Reino das Cobras tenha a prosperidade tão sonhada pelos súditos da realeza, sinto-me na obrigação de alertar Vossa Alteza dos perigos, tentações e armadilhas que estão sujeitos àqueles que usam a coroa.

Há Reis que só vêem os súditos com bons olhos quando precisam da sua ajuda para ganhara mais uma batalha e permanecer no Trono (No nosso tempo, quando o prefeito precisa do voto do povo para ser reeleito). A esses Reis, o bajulador (ou bobo da corte) é de grande importância, pois precisam deles para prejudicar, perseguir, punir e excluir os súditos que não abaixam a cabeça e se rebelam contra a tirania do Rei. Como agrado, o bajulador recebe gratificações, promoções e prestígio.

A primeira coisa que o Rei tem que aprender a lidar é com o que há de mais cobiçado pela espécie humana: o poder (tem até um dito popular que diz assim: Quer conhecer um homem? Dê poder ale). Com o poder nas mãos, o indivíduo que outrora era tido como um “Zé Ninguém”, “zero a esquerda”, ou coisa do gênero, logo conquista status, prestígio social, grandes oportunidades de negócio, satisfação da vaidade pessoal, sentimento de importância pessoal, condição de celebridade e a enorme capacidade de fazer valer suas vontades sobre tudo e todos. A segunda coisa que o Rei tem que aprender a lidar, é também a mais importante e difícil num reinado: os bajuladores. Assim como a luz atrai os mosquitos no verão, a conquista da Coroa Real atrai os bajuladores para o círculo de convivência da realeza.

Para Nicolau Maquiavel, o italiano que escreveu o livro “O Príncipe”, considerado a bíblia da arte de governar, o bajulador é descrito como uma “peste” difícil de se livrar: "Refiro-me aos aduladores, tão abundantes nas cortes; porque tanto compraz aos homens serem elogiados, e de tal forma se enganam, que dificilmente se defendem desta peste". - O Príncipe, Cap. XXIII.

O fato é que, como diz Maquiavel, "compraz aos homens serem elogiados". Como tal, não há como ignorar que são os poderosos, as autoridades, que geram os aduladores. Fossem eles mais resistentes e indiferentes às adulações, elas não seriam praticadas com tanta frequência. São porque, por certo, produzem os resultados desejados. Esta é uma das grandes lições de Maquiavel: advertir o Príncipe (governante/autoridade) para os riscos de ceder à tentação de cultivar a adulação em torno de sua pessoa. Ela é um daqueles doces venenos que o governante gosta de ingerir.

O Cardeal Mazarin, sucessor de Richelieu na Corte Francesa, ao dar conselhos aos aduladores, pode servir de contraponto ao texto de Maquiavel. Pois Maquiavel aconselha o príncipe, e Mazarin os aduladores: "Fala sempre com um ar de sinceridade, faz crer que cada frase saída de tua boca vem directamente do coração, e que tua única preocupação é o bem comum. Afirma, além disso, que nada te é mais odioso que a bajulação.(...) ... exercita-te em simular cada um dos sentimentos que pode ser útil manifestares, até estares como impregnado deles. Não mostres a ninguém teus sentimentos reais. Disfarça teu coração como se disfarça um rosto. Que as palavras que pronuncias, as próprias inflexões de tua voz participem do mesmo disfarce. Jamais esqueças que a maior parte das emoções se lêem no rosto". - Breviário dos Políticos- Cardeal Mazarin.

Para Maquiavel, O único modo de evitar as bajulações consiste em que as pessoas entendam que não o ofendem por dizer-lhe a verdade. Mas o autor do livro “O príncipe” dá um alerta: "Entretanto, quando todos podem dizer-te a verdade, perderão o respeito pelo Príncipe. O Príncipe prudente deve escolher homens sábios, que dele tenham a permissão de dizer a verdade, mas somente a respeito daquilo que lhes é perguntado. (...) O Príncipe deve aconselhar-se sempre, mas somente quando deseje e não quando os outros queiram. Convém que se lhes tire o hábito de dar conselhos que não foram solicitados. Mas, ao mesmo tempo, pedir conselhos quando necessite, sem impor restrições, e ouvir com muita paciência e atenção as respostas que seus conselheiros dão às suas perguntas, para que a perturbação que o respeito impõe não impeça nenhum deles de expressar suas opiniões".

Aqui no nosso reino, essa “praga” se apresenta evoluída, pois agora, não se contentam só em bajular o Rei, querem mandar e desmandar no reino, acreditando que Menino Rei só governará para os súditos que se curvarem as suas vontades, enchendo a boca com frases do tipo: se nós quisermos; nós vamos ver; nós iremos fazer e se nós deixar-mos. É bom o futuro Rei ficar sabendo que, assim como ontem e hoje, os bajuladores proliferam, frutificam e mudam de discurso mal “farejam” mudanças de poderes e de “poderosos”. No Reino das Cobras, detectamos vários bajuladores que em outros tempos exerceram seus dons em antigos reinados e abandonaram o Rei. Não por discordarem do seu modo de governar, mas porque os antigos Reis não souberam prestigiar e gratificar o bajulador com mimos e o status que eles imaginam merecer.

Para o Menino Rei, que será coroado em janeiro próximo, deixo um conselho: “Se pretende realizar um reinado que fique na história do nosso Reino das Cobras, cuidado com os bajuladores, pois, com os elogios eles embriagam e entorpecem o espírito crítico”. Além disso, a equação - de 15 elogios, 14 são falsos – poderá ser uma valiosa lembrança. Ela pode ser exagerada, mas está perto da realidade.